Maré Branca em Madrid: milhares contra a privatização da saúde

17-12-2012

Uma «maré branca» de trabalhadores e utentes dos serviços de saúde pública de Madrid encheu ontem, domingo, dia 16 de Dezembro, as ruas da capital espanhola para protestar contra o plano de restruturação anunciado pelo governo regional da Comunidad de Madrid, que prevê privatizar 6 hospitais e 27 centros de saúde.

«A Saúde pública não se vende, defende-se», «Cortes homicidas na Saúde» e «Salvam os bancos, fecham os hospitais», são algumas das mensagens que sinalizaram a manifestação de milhares de pessoas.

Vestidos de batas brancas, os manifestantes organizaram-se em quatro colunas provenientes dos principais hospitais públicos e convergiram na Praça de Cibelles ao meio-dia, seguindo depois para a Porta do Sol, onde se encontra a sede do governo regional. Durante a marcha, foi pedida insistentemente a demissão do conselheiro municipal de Saúde da Comunidad de Madrid, Javier Fernández-Lasquetty.

Um mês de luta

Há um mês que os protestos dos trabalhadores da saúde não param e esta foi já a quarta manifestação, desde 18 de Novembro, além de uma greve de 48 horas. Desde o anúncio do Plano pelo governo regional, no passado dia 31 de Outubro, que se mantém a ocupação de uma vintena de hospitais madrilenos. Houve também concentrações de cidadãos em redor dos hospitais. Muitas janelas e varandas apresentam lençóis brancos pendurados.

Estão já previstas outras concentrações, uma para dia 19, organizada pelos sindicatos da Mesa Sectorial, para exigir a retirada do Plano de Sustentabilidade, e outra no dia 20, frente ao Ministério da Saúde.

O movimento intitulado Maré Branca pede unidade e apela aos trabalhadores de todos os centros de saúde espanhóis para que realizem concentrações silenciosas à porta dos hospitais e centros de saúde hoje, segunda-feira, dia 17 de dezembro, a partir das 11 horas.

Também em Barcelona os trabalhadores já ocuparam alguns hospitais.

Público não significa gratuito

Antonio Rivero, presidente do comité de empresa do Instituto de Cardiologia de Madrid, discursando perante os manifestantes, insistiu na ideia de que saúde pública não é sinónimo de serviço gratuito, pois «todos a pagamos com os nossos impostos»: «Por isso temos que a defender. Muitos não têm a noção de propriedade sobre este serviço, mas é necessário estarmos conscientes de que nos pertence».

Censura nos jornais portugueses

Neste domingo, a imprensa portuguesa primou pelo silêncio em relação a este importante movimento social no país vizinho. Os únicos jornais que noticiaram esta manifestação foram A Bola, a TSF e a TVI24, com uma média de 8 sucintas linhas, muito expressivas da censura que existe na comunicação social submetida à ditadura do ministro Relvas.

Fontes
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