Estivadores europeus em luta contra desregulamentação furtiva do trabalho
por RVP
O Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul vai prolongar até 7 de Janeiro a greve parcial, acrescida de recusa de qualquer serviço que tenha como origem ou destino o porto de Leixões, e pedir a declaração de inconstitucionalidade da nova lei para o trabalho portuário. Os representantes dos trabalhadores disseram no Parlamento que o diploma viola a constituição e a lei laboral.

A luta dos estivadores reveste-se de invulgar importância na fase actual que o país atravessa, por dois motivos maiores. Primeiro, porque a distribuição, transporte e armazenamento dos produtos mercantis são um elo indispensável da cadeia comercial – os trabalhadores dos portos e dos transportes ocupam uma posição estratégica na cadeia de produção e distribuição. Depois, porque no centro da luta dos estivadores encontramos um conjunto reivindicações que interessam à generalidade dos trabalhadores portugueses – não se trata de uma luta limitada ao âmbito dos interesses corporativos e económicos daquele sector de trabalho. O que está em causa são os direitos e a dignidade do trabalho em geral.
Amanhã, dia 29/11/2012, o parlamento vota uma proposta governamental de novo regime jurídico do trabalho portuário. Os estivadores respondem com uma manifestação que arranca da Praça do Município, em Lisboa, às 13h, e segue em direcção ao parlamento.
Os trabalhadores portuários estão em greve de 21 a 24 de Setembro, mas ao longo das próximas cinco semanas haverá mais paralisações, num protesto contra a revisão do regime laboral dos portos. Segundo o Manifesto dos Estivadores de Portugal, o governo celebrou um "simulacro de acordo" com sindicatos da UGT que representam menos de 20% dos trabalhadores. Os estivadores, cerca de mil, temem que as novas medidas signifiquem o desaparecimento de metade dos actuais postos de trabalho.